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10 de out. de 2012

Entulho que abre caminhos


Restos de material de construção civil são usados para revestir estradas rurais no estado de São Paulo, proporcionando transporte seguro e benefícios ao meio ambiente

Texto: Thaís Ferreira
Fotos: Fernanda Bernardino



Até o final de 2009, mais de 14 quilômetros de estradas rurais em SP devem ser recuperados com um material feito com resíduos da construção civil

Uma estrada rural pode ser bem mais nobre do que você imagina. Isso porque, em alguns municípios do estado de São Paulo, os caminhos de terra estão sendo recuperados com um material reciclado vindo de entulhos de obras. Velhas estradas esburacadas ganham um novo revestimento, também de terra, porém regular, que reaproveita o que normalmente apenas faria volume nos aterros sanitários e lixões. O agregado reciclado misto, ou pela abreviação ARM, é um resíduo da construção civil processado em usinas de reciclagem. O lixo passa por uma triagem que retira plástico, metal, vidro e madeira encontrados nele. O que é pedra, cimento, argamassa e lajotas é fragmentado em pequenos pedaços, como cascalho, e misturado à terra comum para então ser aplicado nas obras viárias.

Quem está promovendo esse tipo de pavimentação é o Projeto Melhor Caminho, realizado através da parceria entre prefeituras e a Codasp – Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo -, ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. "O objetivo é restaurar e conservar estradas rurais não pavimentadas contra processos erosivos, principalmente resultantes da ação das chuvas, deixando-as mais seguras e com mais fácil escoamento de produtos agrícolas, o que favorece o produtor rural", afirma Alcioneu Lucchino, engenheiro da Codasp responsável pelas obras do Melhor Caminho.


Porto Ferreira foi a mais recente cidade a receber sua estrada restaurada pelo Melhor Caminho, no final de outubro. A PRT-010, também conhecida como estrada para a Fazenda do Rio Corrente, fica numa região de transporte pesado, próxima a fazendas de cana-de-açúcar e laranja, e se conecta com a rodovia Anhanguera, por onde os produtos são escoados para todo o estado. Dos 7,35 quilômetros revestidos, um quilômetro recebeu o agregado reciclado misto. Até outubro deste ano, já foram revestidos 8,19 quilômetros com o material e são previstos mais 14,38 quilômetros até o fim de 2009, em doze municípios.

Terra comum (à esq.) é misturada ao entulho reciclado (à dir.), formado por pedra, cimento, argamassa e lajotas, para o revestimento das estradas

Benefícios do Programa Melhor Caminho

Em 12 anos de existência, o Melhor Caminho recuperou 8,5 mil quilômetros de estradas rurais no estado e em 2009, entrou numa nova fase: fazer esse trabalho de forma mais responsável com o meio ambiente. Para isso, passou a substituir a pedra britada e o cascalho pelo material reciclado em alguns trechos. O primeiro município que teve sua estrada ecológica foi Piracicaba em maio, seguido de Descalvado e agora Porto Ferreira. Sorocaba está em obras.

As duas grandes vantagens do reaproveitamento do entulho nas estradas são a economia e a ecologia. Segundo Lucchino, o cascalho ou a pedra britada usados nesse tipo de obra são tirados de jazidas minerais, e muitas vezes essa exploração não tem licenciamento ambiental ou é feita de forma insustentável. O uso do material reciclado, além de preservar essas jazidas, diminui o volume de lixo produzido nas cidades e que é encaminhado a lixões e aterros irregularmente. Uma resolução de 2002 do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente - prevê que os municípios façam um plano de gerenciamento, transporte e armazenamento dos resíduos das obras locais e proíbe a destinação a aterros sanitários. A pouca fiscalização, porém, faz com que essa lei não seja seguida a rigor.




"O uso do material reciclado diminui o volume de lixo produzido nas cidades", afirma o engenheiro Lucchino
Segundo o projeto Prohab - Progresso e Habitação de São Carlos - que possui uma usina de reciclagem de entulho, o custo para um município destinar o lixo de construção civil para a reciclagem é 25% do valor que ele gastaria para depositá-lo irregularmente em lixões e aterros. A usina, localizada na própria cidade de São Carlos, foi responsável por parte do material envidado para as obras em Porto Ferreira.

O agregado reciclado misto processado na usina Prohab foi comprado pelo Melhor Caminho por R$25 o metro cúbico, enquanto a pedra britada usada no restante da obra custou R$ 49,50 por metro cúbico. Segundo Edinho Araújo, presidente da Codasp, se o entulho fosse processado na mesma cidade em que as obras são realizadas, o valor seria ainda menor, devido à diminuição do custo de transporte. “A Codasp está trabalhando para conscientizar as prefeituras do estado sobre a importância de elas terem suas próprias usinas para o processamento do entulho”, diz.

O uso do material reciclado nas obras ainda está em fase de testes, mas segundo Lucchino, os resultados têm sido positivos. “A estrada com o revestimento reciclado tem a mesma durabilidade que a de pedra britada, mas temos pouco material disponível”, afirma. Ele diz que se mais usinas fizessem a reciclagem, mais quilômetros de estradas poderiam ser revestidos.

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