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8 de abr. de 2012

Logística Alvenaria estrutural


Logística



Crédito: Chico Rivers / ABCP

O planejamento, em qualquer obra de engenharia, tem o objetivo de disponibilizar à equipe de produção material suficiente para facilitar a execução dos serviços, a fim de garantir o prazo, o custo e a qualidade esperados. Na alvenaria estrutural não é diferente, o sistema exige, nesta fase, que sejam determinados prazos e sejam alocados recursos e realizadas ações de maneira eficiente, pois é exatamente nesta etapa que se garante a operacionalidade do processo produtivo, influenciando decisivamente o resultado final e a competitividade do sistema.


Para um correto planejamento da obra, é necessário verificar:


1. Blocos – tipos necessários, quantitativos e locais de armazenagem.


2. Argamassa e graute – de acordo com o tipo utilizado (feitos em canteiro, industrializados em sacos/silos), verificar a melhor logística de abastecimento de suprimentos e de abastecimento da obra.


3. Estoque e fabricação de pré-moldados.


4. Definição dos locais de armazenagem, preparo (no térreo ou nos andares) e abastecimento dos suprimentos.


5. Armazenagem cuidadosa dos blocos - eles devem ficar cobertos e as pilhas marcadas por data, resistência etc.
Elaboração do cronograma


A elaboração do cronograma da obra é fundamental para o planejamento de todas as suas atividades e durações. É importante identificar as atividades críticas para a definição da sequência de atividades e a duração para o dimensionamento das equipes e equipamentos.


De acordo com o cronograma da obra, deve-se sempre fazer a compra planejada de materiais e suprimentos, contratação de mão de obra específica para cada fase da construção e acerto da logística do canteiro de obras, economizando assim tempo e dinheiro.
Mão de obra


Em uma obra de alvenaria estrutural são montadas equipes de trabalho para a elevação das paredes estruturais. Cada construtora tem o seu próprio esquema de trabalho, comumente utilizando a configuração de 1 encarregado para cada duas equipes de trabalho, compostas por dois pedreiros mais um servente.


A produtividade média por equipe de trabalho é equivalente a 3,5 a 5,0 m²/hora/equipe. Considerando que duas equipes trabalhem simultaneamente em um mesmo andar tipo durante 4 dias, obteremos a produtividade de 320 m2 de paredes levantadas, o que equivale a um tipo de aproximadamente 250 m2, ou seja, em uma semana é totalmente viável levantar um andar com uma equipe composta por apenas 11 pessoas.


Pelo fato de a alvenaria estrutural ser um sistema altamente racionalizado, “improvisos” de última hora não são permitidos. A obra tem de ser executada com critério e cuidados especiais, por isso o treinamento da mão de obra é fator decisivo no sucesso, economia e qualidade da obra.


Escolas como o SENAI promovem cursos de aprimoramento e qualificação de mão de obra para assentadores de blocos estruturais. Quando não for possível o uso de mão de obra qualificada por instituições de ensino, como mencionado, o aprendizado e o treinamento podem ser feitos com profissionais mais experientes dentro da obra.

Projeto de canteiro




Também no planejamento do canteiro é preciso investir pensando em padronização e reaproveitamento. O canteiro de uma obra em alvenaria estrutural possui uma configuração diferente de uma obra convencional. É imprescindível que o projeto de canteiro contemple:
Local para armazenamento de blocos estruturais (separados por resistência, tipo e idade) e demais materiais, separados por características de armazenagem e consumo.
Central para controle tecnológico de alvenaria estrutural (bloco, graute, argamassa e prisma).
Central de pré-moldados (escada, pré-moldados de ventilação, vergas, contra-vergas), caso estes sejam executados em canteiro.
Central de corte de blocos.
Todos os outros componentes do canteiro, como betoneiras, guinchos, grua (se houver) e caminhos de serviço.
Elementos de apoio à produção: escritórios, almoxarifado, salas etc.
Áreas de vivência: ambientes, móveis e equipamentos.





Passos necessários para elaboração do projeto de canteiro


Em obras mais complexas, o canteiro deverá ser projetado prevendo as diversas etapas da obra. É preciso observar as fases mais importantes, tais como:
Movimento de terra.
Estrutura do sub-solo sob a torre e periferia.
Estrutura da torre.
Acabamentos.
Remoção do guincho e início de operação do elevador de passageiros.
Planejamento da circulação na obra


A montagem do canteiro de obras é bastante influenciada pelo tipo de equipamento básico de transporte vertical: guinchos, elevadores ou gruas. A circulação de equipamentos, materiais e caminhões (quando necessário) deve estar prevista no projeto de canteiro e devem ser levados em conta os seguintes aspectos:
Sugere-se elaborar um esboço do canteiro de obras, locando todas as dependências necessárias (almoxarifado, escritório, vestiário, entradas etc.) com as rotas mais prováveis a serem realizadas e as distâncias necessárias para o trânsito de todos os elementos.
A circulação principal e secundária, se possível, deve ser sinalizada e organizada de acordo com as normas de segurança do canteiro.
A circulação deve garantir o fluxo contínuo de materiais, mão de obra e equipamentos.
Se possível, após definir as rotas que serão destinadas ao tráfego de materiais e mão de obra, submeter o projeto de canteiro a um profissional da área de segurança, para avaliar os riscos envolvidos na solução sugerida.
Em obras abastecidas por silos, deve ser previsto um acesso suficiente para suportar o trânsito de caminhão tipo "munck" ou graneleiro, uma vez que deve haver o reabastecimento ou troca dos silos.
No caso da inviabilidade de circulação de caminhões tipo "munck" e carreta na obra, o ponto de distribuição de argamassa pode ser locado próximo do acesso para descarga, pois desta forma o silo pode ser abastecido por mangote. Deve-se observar a distância mínima do mangote para a carreta.
O abastecimento do andar deve prever todos os materiais previstos nos projetos: blocos (de cada tipo especificado), argamassa, graute, elementos pré-moldados etc.


Quando for utilizada grua, seu posicionamento deve ser criteriosamente estudado, pois este equipamento deve ser o centro de gravidade do canteiro e influencia todo o seu layout. As gruas podem ser fixas, ascencionais ou móveis sobre trilhos, sendo que a escolha correta depende de cada empreendimento e é fundamental para a funcionalidade do canteiro. O seu dimensionamento deve ser feito pelos pontos extremos para garantir acesso aos principais estoques e às áreas de produção. Além do posicionamento, deve-se analisar também a forma de fixação do equipamento, que pode ser através de furos na laje, no poço do elevador ou instalação na lateral do edifício. No caso das edificações provisórias, é necessário verificar as posturas e exigências de áreas da NR18, pois as dimensões de alguns fabricantes não atendem aos requisitos de norma.
Acesso ao canteiro


O acesso ao canteiro deve estar previsto no projeto original e levar em conta todos os aspectos já mencionados sobre a localização dos vários pontos importantes. Além disso, deve-se providenciar junto ao órgão municipal o rebaixamento da calçada no local determinado para recebimento de material, permitindo um acesso facilitado para o descarregamento.
Mobilização e desmobilização


O planejamento da mobilização e desmobilização deve ser baseado em outros fatores da obra, tais como: estoques, armazéns etc. Este item deve estar previsto no cronograma geral da obra. As atividades de mobilização e desmobilização devem estar ligadas ao porte do empreendimento. Neste item, todos os elementos devem estar de acordo com a Norma NR-18.

Prédio em alvenaria estrutural mais alto do Sul do Brasil está em Londrina


Prédio em alvenaria estrutural mais alto do Sul está em Londrina. Divulgação
Um empreendimento, que está sendo construído pelo sistema de Alvenaria Estrutural localizado na região sul de Londrina com 304 unidades residenciais, totalizando 31.649 metros quadrados de obra, é considerado o mais alto da região Sul do País construído neste sistema. A Graúna Construções deve entregar o Fit Terra Bonita ainda neste ano de 2011.

Neste tipo de tecnologia as paredes são "autoportantes", ou seja, a própria alvenaria executada em blocos de concreto suporta o peso da edificação, não havendo as tradicionais vigas e pilares de concreto armado, apenas as lajes. Em um rápido processo, a alvenaria vai subindo simultaneamente com a estruturação do prédio. Sendo assim, este tipo de partido estrutural exige um controle tecnológico mais rigoroso que o sistema convencional, em que até a argamassa de assentamento dos blocos tem sua resistência controlada.
A Alvenaria Estrutural ainda é pouco utilizada na região norte do Paraná. Ela tem sido usada apenas em pequenas construções como barracões e edifícios de pequeno porte, entre quatro e sete pavimentos.  No Brasil este tipo de tecnologia somente era utilizado em edificações altas nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Com o Fit Terra Bonita, Londrina novamente está sendo pioneira na utilização de novas tecnologias, já que antes desta obra, não se utilizava alvenaria estrutural em edificações com um número alto de pavimentos, no caso 19.
"Este desafio demandou um grande esforço técnico por parte da Graúna, pois ainda não havia referências para muitas das questões técnicas abordadas neste empreendimento, desde a concepção dos projetos até a aquisição de insumos, como blocos de alta resistência e mão de obra especializada na execução de alvenaria estrutural.", diz o diretor técnico da Graúna, o engenheiro Marcel Antoine Haswany.
Um dos desafios para levantar o residencial com os 19 pavimentos, utilizando o sistema de Alvenaria Estrutural foi o controle tecnológico dos materiais, o que gerou a parceria entre a Graúna e a Faculdade de Engenharia de Lins (SP), que possui um dos poucos laboratórios acreditados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e em condições de fazer ensaios para este processo: o Centro Tecnológico da Fundação Paulista (CETEC).
"Tivemos que realizar muitos estudos, inclusive antes da fase dos projetos, com vários fornecedores de materiais e equipamentos, para racionalizar e aperfeiçoar o processo construtivo, bem como para extrair o máximo devantagens desta tecnologia construtiva"explica Haswany, e  complementa, "os blocos para a construção, principal insumo deste processo, são adquiridos de empresas londrinenses, uma delas entre as  maiores do Paraná, que também teve de desenvolver processos para viabilizar blocos de concreto com  alta resistência necessária ao empreendimento."
A obra possui quatro torres, que estão sendo construídas dispensando a utilização de grua Uma das grandes vantagens desse processo construtivo, em função da racionalidade e rapidez, é a possibilidade de eliminar equipamentos caros, como a grua, sem perder desempenho e diminuindo o custo.
Neste processo utiliza-se muito pouco aço e o "sistema de forma" é necessário apenas para a execução de lajes que, por serem planas, necessitam de um sistema de escoramento muito simples. Outro fator importante para a racionalidade deste processo construtivo são as "células" dos blocos, que permitem a passagem de tubulações elétricas e hidráulicas, já na fase de elevação das alvenarias, dispensando as tradicionais quebras e rasgos nas paredes evitando, assim, o retrabalho.
Ainda, na questão da racionalidade, a perfeita regularidade das paredes permite revestimentos internos e externos dentro do mínimo necessário estabelecido pelas normas técnicas, evitando o desperdício de materiais e de mão de obra.
No caso do revestimento externo (fachadas), a Graúna Construções também está inovando com a utilização de uma "nova tecnologia de revestimento" denominada Monocapa.  Trata-se de um revestimento já acabado como uma pintura, que é aplicado através de uma projeção mecânica direto na alvenaria de bloco, eliminando as fases tradicionais do procedimento, como a do "chapisco" e a do "emboço", que normalmente são realizados antes de uma pintura final.

Mais Que Um Monumento, Uma Obra Da Engenharia


Não é à toa que a estátua do Cristo Redentor, é considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno”, conclui o presidente do Clube de Engenharia.



Estátua, que é uma das sete maravilhas do mundo moderno, foi inaugurada em 1931. Construção usou recursos inovadores para a tecnologia disponível na época

Por: Altair Santos / Cimento Itambé

Se fosse construída em 2011, a estátua do Cristo Redentor, erguida no topo do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, encontraria mais dificuldades para superar os trâmites burocráticos do que os desafios da engenharia.

“Provavelmente, para obter uma licença ambiental demoraria mais”, estima o engenheiro Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.





Cristo Redentor em construção: obra foi concebida como um edifício e depois revestida com a escultura.


Com os recursos tecnológicos disponíveis hoje, Bogossian estima que em um ano o monumento de 38 metros de altura estaria pronto. Mas imagine o que foi construir aquela obra há mais de 80 anos?

Concebida pelo engenheiro e arquiteto Heitor da Silva Costa, ela tornou-se quase um milagre diante dos recursos disponíveis na época.

Porém, para vencer os obstáculos, a construção do Cristo Redentor apostou em uma série de inovações para aquele início de século 20.


Para construir a estátua, usou-se o concreto armado, que nos anos 1920 era uma novidade no Brasil.


O Cristo Redentor também foi uma das primeiras obras a usar cimento produzido no país.


A idéia do projeto nasceu em 1921, para que no ano seguinte o monumento pudesse marcar o centenário da independência do Brasil. As comemorações passaram e o plano só começou a ser colocado em prática em 1923.


O então cardeal do Rio de Janeiro, dom Sebastião Leme, comandou uma campanha de arrecadação de recursos em 1923. Convertendo para a moeda atual, o Cristo Redentor custou R$ 6 milhões.

O dinheiro bancou o projeto do vencedor do concurso público promovido para escolher o modelo da estátua: o engenheiro e arquiteto Heitor da Silva Costa.

De 1923 a 1926, período efetivo do início das obras; Silva Costa se revezou entre o Rio de Janeiro e Paris. Na capital francesa, no ateliê do escultor Paul Landowski, após concluir os cálculos de resistência e a planta do monumento, ele deu forma definitiva à obra.

Foi construída uma maquete de 4 metros de altura.

Mesmo sem recursos do túnel de vento, algo que não existia na época, a escultura feita por Landowski permitiu a Silva Costa perceber que a estátua precisava ser construída com uma pequena inclinação de 5 graus para frente, próximo da cabeça, para resistir melhor à velocidade do vento no topo do Corcovado, que não raramente pode atingir 100 km/h.

Com o mesmo propósito, os braços foram projetados com leves inclinações e sendo um mais comprido que o outro em 60 centímetros – imperceptível a olho nu. “Intuitivamente ou não, as técnicas empregadas foram perfeitas”, avalia Francis Bogossian.

Como Um Edifício

O Cristo Redentor, ao contrário do que se possa imaginar, não é um maciço de concreto armado.

Por dentro da estátua, que em 2011 deve ultrapassar a marca de um milhão de visitantes ao ano, há uma construção semelhante à de um edifício de 10 andares.


Só que em vez de uma fachada com paredes e janelas, ele recebeu a moldura do monumento idealizado por Heitor da Silva Costa.


As fundações deste prédio estão encravadas a 4 metros de profundidade na rocha do platô localizado no topo do morro do Corcovado, a 710 metros de altura.

O gnaisse (tipo de rocha) precisou de dinamite para ser perfurado e os vergalhões foram chumbados a mão para dar sustentação à obra.

A partir deles, saem quatro pilares centrais que sustentam a edificação, que conta ainda com 12 lajes sobrepostas, como se fossem andares.

Heitor Levy, o engenheiro que comandou a construção, liderou uma equipe de quase mil pessoas entre engenheiros, arquitetos e operários. O canteiro de obras foi instalado no topo do Corcovado e os materiais chegavam ao local através de um trem que percorre o morro até hoje.

A água era bombeada de um riacho localizado a 300 metros abaixo da obra.

O trabalho de construção teve duração de cinco anos, de 1926 a 1931, com a inauguração ocorrendo em 12 de outubro. Neste período, nenhum acidente de trabalho foi registrado enquanto o Cristo Redentor foi erguido.

Construído há 80 anos, o monumento nunca precisou de reparos estruturais e recebeu até hoje apenas obras de preservação.

Um dos segredos de tamanha resistência está em seu revestimento, que é todo em pedra-sabão.

O material é impermeável e altamente resistente aos desgastes causados pelos efeitos climáticos. “É uma obra perfeita, pois uniu engenharia, arquitetura, design e escultura num só empreendimento.


Homens trabalhando no alto do Corcovado: apesar de expostos a riscos, não houve nenhum acidente de trabalho durante a construção do monumento.



Entrevistado


Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, através de consulta ao acervo da instituição e entrevista com o presidente Francis Bogossian
Currículo.


- Francis Bogossian é engenheiro civil formado pela Escola Nacional de Engenharia da ex-Universidade do Brasil, atual UFRJ. Há mais de 40 anos atua como empresário, professor e líder de classe


- Lecionou como professor titular de Mecânica dos Solos e Fundações, por mais de 15 anos na Escola de Engenharia da UFRJ e na UVA. Participou das diretorias e dos conselhos da ABENGE, ABMS, SECONCI-Rio e CBIC, Crea-RJ, A3P e ABENC/RJ

- Atualmente é presidente do Clube de Engenharia e da Aeerj (Associação dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro)

- Participa dos conselhos da Geomecânica S.A., FIRJAN, ACRJ, ABMS

- É membro da Academia Nacional de Engenharia, da Academia Brasileira de Educação e da Academia Panamericana de Ingenieria

Créditos Foto: Divulgação/Clube de Engenharia

Alvenaria estrutural lidera industrialização de obras


Especialista avalia que sistema construtivo já predomina em empreendimentos habitacionais com mais de 100 unidades construídas
Por: Altair Santos

Se há ponto positivo no fato de o Brasil enfrentar escassez de mão de obra na construção civil, ele se evidencia na determinação do setor em compensar esse gargalo com investimentos em novas tecnologias e em sistemas construtivos que dependam menos da manufatura. Dentro do processo de industrializar o canteiro de obras, o engenheiro civil e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Guilherme Aris Parsekian avalia que aalvenaria estrutural é o que tem obtido resultados mais significativos, principalmente quando empregado em construções habitacionais de larga escala.

Para ele, a alvenaria estrutural tem permitido a algumas construtoras brasileiras implementar dentro dos canteiros de obras sistemas muito semelhantes às linhas de montagem da indústria automobilística. “Em obras com mais de 100 unidades habitacionais isso já ocorre, mas o ideal seria que a construção civil chegasse ao nível em que nada fosse produzido no canteiro de obras, ou seja, o fabricante forneceria componentes que se encaixariam perfeitamente em qualquer unidade. Isso ainda não acontece, mas vai acontecer a partir do momento em que sistemas decoordenação modular estiverem implementados na construção civil“, diz Parsekian.


O professor da UFSCar, no entanto, constata que a evolução da alvenaria estrutural como sistema construtivo racional, econômico, seguro e bem acabado está condenando a alvenaria convencional a empreendimentos de pequeno porte. “Se a quantidade de unidades for muito grande, como a gente tem vários casos atualmente, o sistema tijolo a tijolo não é mais economicamente viável. Por isso, aalvenaria estrutural tem sido cada vez mais aceita como processo estritamente industrializado. E como ela está muito bem organizada, tem estimulado a busca de novos sistemas. Por exemplo, paredes de concreto, quando existe uma quantidade grande de obras, é outro sistema que está com boa aceitação”, explica.

Como industrializar

Parsekian alerta que construtoras que se utilizam da alvenaria convencional e querem migrar para novas tecnologias, a fim de sistematizar o canteiro de obras, devem procurar os profissionais especializados e organismos de disseminação de conhecimento tecnológico. “A própria ABCP (Associação Brasileiro de Cimento Portland) tem uma série de publicações sobre vários sistemas construtivos e disponibiliza essa informação”, afirma, completando que o custo maior é o de se implantar a tecnologia. “Implementar custa mais, mas desde que o processo seja bem feito e bem treinado esse custo se dilui com o tempo. Já a implementação incorreta vai gerar falhas e, consequentemente, aumentar o custo do processo.”

Segundo o especialista, se o Brasil tivesse uma norma de coordenação modular que fosse obrigatória, e não apenas recomendável, é possível que a industrialização nos canteiros de obras já estivesse disseminada. “Tem alguns entraves que a gente pode colocar, como, por exemplo, a questão da coordenação modular. No Brasil, ela não é obrigatória, mas só uma recomendação, e mesmo assim os agentes financeiros liberam recursos para obras sem coordenação modular efetiva. Esse é um entrave, como é a questão tributária sobre a industrialização do setor e a qualificação da mão de obra”, ressalta.

Vale lembrar que o Brasil tem uma norma de coordenação modular decimétrica (módulo de 10 cm) aprovada desde 1950: a NB-25R. Entre os anos 1970 e 1980, o Banco Nacional da Habitação (BNH) promoveu a implementação dessa importante ferramenta para a racionalização da construção civil. A própria Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem quase 30 normas sobre coordenação modular, mas ela é ainda pouco utilizada pelo meio técnico. Guilherme Parsekian , no entanto, avalia que as novas gerações de engenheiros civis e arquitetos têm uma proposta de industrialização mais arraigada e que, no futuro, isso será inerente à profissão. “Na universidade eles já chegam com o propósito de dominar tecnologias, o que estimula as mudanças”, finaliza.

Entrevistado
Guilherme Aris Parsekian, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Currículo
- Engenheiro civil pela UFSCar, mestre em estruturas (distinção) pela EESC-USP e doutor em construção civil pela EP-USP, com pós-doutorado pela University of Calgary
- Desde 1994 trabalha com alvenaria estrutural, tendo participado de vários projetos e pesquisas
- É membro de comitês de norma de alvenaria estrutural da ABNT e norte-americana, revisor de revistas especializadas e autor de vários artigos e livros técnicos
- Atualmente é coordenador do curso de engenharia civil da UFSCar, onde também é professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil, além de desenvolver consultorias em projeto de edifícios, avaliação experimental do desempenho estrutural e pesquisas aplicadas na área
Contato: parsekian@ufscar.br