Lembrando que este é somente uma pequena partícula do trabalho, visando apresentar tão somente o “porquê” o “como” e os resultados obtidos no estudo.
RESUMO
Os altos investimentos em habitações populares, e o modelo de negócios consolidado na construção civil brasileira que baseia-se num mercado competitivo e tecnológico, tem fomentado a busca e o desenvolvimento de sistemas construtivos que alie redução no prazo de execução, custo final reduzido e qualidade do produto final.
Dentro desse contexto encontra-se a alvenaria estrutural, que através de estudos tem se colocado em lugar de destaque, em relação à outros sistemas, por possuir diferenciais como: modulação de projetos e redução no prazo de execução.
A análise de custos tem sido muito comentada atualmente no cenário nacional, onde vários autores declaram que a alvenaria estrutural é mais viável financeiramente principalmente quando comparado com o sistema construtivo convencional em concreto armado, não obstante disso o fator preponderante quando analisado qualquer tipo de empreendimento é a conhecida “viabilidade técnica-financeira”, essa via de duas mãos aliada com outros aspectos é quem dita a escolha do sistema construtivo a ser empregado na construção de qualquer
empreendimento. Partindo desse pressuposto, surgiu o interesse em desenvolver um estudo comparativo entre o sistema construtivo em alvenaria estrutural e o sistema construtivo convencional (concreto armado), e para tal, foi desenvolvido um estudo de caso à partir do projeto da construção em série de sobrados geminados,
onde é feito a comparação de custos entre os dois sistemas construtivos.
INTRODUÇÃO
1. JUSTIFICATIVA
Segundo Medeiros (2007), a questão habitacional é de extrema importância social e política na maioria das sociedades; ela se apresenta como um dos fatores mais importantes na criação de justiça social, saúde pública e estímulo ao crescimento econômico entre outros.
O Brasil apresenta um enorme déficit habitacional, e isto tem feito com que o governo federal ofereça subsídios e programas habitacionais para a população de baixa renda, com a função de oferecer moradias a um “custo mais baixo” ou facilidade em financiamentos para a aquisição de moradias, exemplo disso é o programa “Minha casa minha vida” que teve início no segundo mandato do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao qual inicialmente tinha o objetivo da construção de um milhão de residências.(MINISTÉRIO DA FAZENDA,2009)
Atualmente foi ampliado pela gestão da atual Presidenta Dilma Rousseff para dois milhões de residências até 2014.(PORTAL R7,2011)
Segundo o portal R7 de notícias, em 2011, a primeira etapa do programa teve 1.079.689 moradias contratadas, 8% a mais do que a meta do governo de 1 milhão de casas. (PORTAL R7,2011)
Segundo o colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo, “números consolidados do TCU indicam que foram efetivamente construídas 238.000 casas, ou seja, para completar o primeiro milhão faltam 762.000 casas.(Veja,2011)
Segundo o colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo, “números consolidados do TCU indicam que foram efetivamente construídas 238.000 casas, ou seja, para completar o primeiro milhão faltam 762.000 casas.(Veja,2011)
Do montante total contratado, cerca de 25% somente foi construído até o momento de (12/2010), ou seja, do plano inicial falta construir 762.000 moradias e com o pacote atual que amplia em mais um milhão, aumenta o número de 1.762.000 casas, se utilizarmos o raciocínio lógico em uma simples regra de três, obtemos: 238.000 casas em 1 ano e nove meses (21 meses), 1.762.000,00 casas em 12,95 anos (155 meses), ou seja se seguirmos o ritmo atual de construção, a construção de 2.000.000 de casas só se dará em 2024, para manter o que foi prometido pela Presidenta Dilma Roussef, teríamos que aumentar em cerca de 3,24 vezes o ritmo atual, para que a meta possa contar com chance de ser alcançada.
Segundo a revista Exame (2011), no Brasil “7,2 milhões, é o total do déficit habitacional hoje, somando as famílias que coabitam e as que vivem em residências precárias”. No Paraná, o déficit habitacional absoluto, segundo a Fundação João Pinheiro (MG), é de 260.648 domicílios (229.069 urbanos - 31.579 rurais) e o déficit relativo do estado é de 9,8%.
Medeiros & Sabbatini (apud Araújo, 1995) afirmam que a principal vantagem da alvenaria estrutural é sua capacidade de racionalização em todas as etapas da construção, utilizando-se para isso de recursos humanos e materiais.
Segundo BRICKA (2011), “Alvenaria estrutural é o sistema construtivo de menor custo do mercado brasileiro. Enxuga em até 30% o valor final de qualquer tipo de obra, com impacto ainda maior em construções verticalizadas”.
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), “nos casos usuais, o acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa com folga a economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas.”
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), “nos casos usuais, o acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa com folga a economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas.”
A estabilização da economia gera concorrência no mercado e o setor da construção absorve grande parte dessa movimentação financeira. A demanda no mercado da construção, além de acelerar a execução das obras, interfere
na produção como um conjunto, inclusive nos orçamentos que viabilizam a obra financeiramente. Ou seja, a análise de custo é fator determinante para a execução das obras.
na produção como um conjunto, inclusive nos orçamentos que viabilizam a obra financeiramente. Ou seja, a análise de custo é fator determinante para a execução das obras.
A mão de obra no Brasil encontra-se em escassez, estamos próximos da Copa do Mundo e das Olímpiadas, e serão muitas as obras de infraestrutura das cidades que sediarão os eventos; há as obras financiadas pelo PAC II (Plano de aceleração do crescimento segunda etapa), entre muitas outras. O Brasil no momento pode-se dizer que é um grande “Canteiro de obras”, se fazendo da necessidade de todos os tipos de profissionais envolvidos direta ou indiretamente no ramo da construção.
Uma análise comparativa entre o Sistema construtivo em alvenaria estrutural e o de alvenaria de vedação em habitações populares se faz necessário para obtenção de dados que venham à nortear de maneira eficiente a utilização dos recursos, tanto material como humano.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 Estudo de Caso
A obra do estudo de caso é um projeto padrão COHAB e trata-se de sobrados geminados os quais possuem plantas idênticas, o edifício de alvenaria estrutural tem o pavimento térreo apoiado sobre radier, e o superior apoiado em laje de concreto armado, que por sua vez, se apoiam em paredes de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos. Já o de alvenaria convencional tem térreo apoiado sobre radier, e o superior apoiado em laje de concreto armado, que por sua vez, é apoiado em vigas e pilares.
O projeto em alvenaria estrutural foi conseguido através de uma empresa de Construção, e o projeto em alvenaria convencional foi desenvolvido pelo aluno com o auxílio da orientadora do TCC.
O estudo de caso foi originado com a função de responder a seguinte questão: Comparando o sistema construtivo em alvenaria estrutural com blocos o em alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, qual o mais viável financeiramente em habitações populares no estado do Paraná?
Seguem abaixo os procedimentos adotados para resolução da questão anterior:
a) Em primeiro lugar foi feito o levantamento quantitativo do projeto em alvenaria estrutural. Para isso foi adotado o procedimento descrito na Figura 1, abaixo:
FIGURA 1 – PROCEDIMENTO ADOTADO – ALVENARIA ESTRUTURAL
FONTE: MARTINS, 2011.
b) Posteriormente foi realizado o levantamento quantitativo do projeto em alvenaria convencional. Para isso foi adotado o procedimento descrito na Figura 2, abaixo:
FIGURA 1 – PROCEDIMENTO ADOTADO – ALVENARIA ESTRUTURAL
FONTE: MARTINS, 2011.
c) Para obtenção da composição de custos foram utilizados os preços que constam na tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, (SINAPI – PR), de Julho de 2011. (SINAPI, 2011)
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a metodologia utilizada no estudo de caso, conseguiu-se angariar subsídios suficientes para tecer discussões e resultados de maneira coerente, segue abaixo os resultados obtidos:
a) A Tabela 1 abaixo, representa o total do levantamento quantitativo e financeiro da obra em alvenaria estrutural.
TABELA 1 – RESUMO – CUSTO TOTAL – ALVENARIA ESTRUTURAL
FONTE: MARTINS, 2011.
GRÁFICO 1 – PARCELAS CORRESPONDENTES AOS CUSTOS DOS BLOCOS, GRAUTE,
CONCRETO, AÇO E FORMAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL NO ESTUDO DE CASO –
2011.
CONCRETO, AÇO E FORMAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL NO ESTUDO DE CASO –
2011.
FONTE: MARTINS,2011.
Nota-se que o item que representa o maior custo do sistema construtivo em alvenaria estrutural no estudo de caso, em comparação aos demais analisados foi o bloco cerâmico estrutural respondendo por 34% do montante total, em segundo as formas com 23%, seguido pelo aço com 21% e o concreto com 19%. Observou-se que o ítem com menor participação foi o graute, isso é devido a utilização da alvenaria estrutural não armada, pois o mesmo foi colocado somente em zonas de tração como vergas e vigas de respaldo da laje e cobertura, como a edificação possui pouca altura, as ações sofridas por
ações de vento, ou cargas excêntricas entre outras não são capazes de gerar esforços de tração que venham a ser maiores que os esforços resistivos do elemento parede da edificação, assim sendo, a alvenaria no estudo de caso é em essência não armada, a utilização do aço na alvenaria armada pode comprometer a viabilidade financeira do empreendimento, pois o aço muitas vezes inflam o orçamento, além de trabalhar muito aquém de sua verdadeira capacidade.
ações de vento, ou cargas excêntricas entre outras não são capazes de gerar esforços de tração que venham a ser maiores que os esforços resistivos do elemento parede da edificação, assim sendo, a alvenaria no estudo de caso é em essência não armada, a utilização do aço na alvenaria armada pode comprometer a viabilidade financeira do empreendimento, pois o aço muitas vezes inflam o orçamento, além de trabalhar muito aquém de sua verdadeira capacidade.
No sistema construtivo em alvenaria convencional, também foi desenvolvida a mesma análise e foi gerada a Tabela 2, abaixo:
TABELA 2 – RESUMO - CUSTO TOTAL – ALVENARIA CONVENCIONAL
FONTE: MARTINS, 2011.
O Gráfico 2 abaixo, representa os resultados descritos acima na Tabela 2.
GRÁFICO 2 – PARCELAS CORRESPONDENTES AOS CUSTOS DAS FORMAS,
CONCRETO, AÇO E TIJOLOS EM ALVENARIA CONVENCIONAL NO ESTUDO DE CASO –
2011.
CONCRETO, AÇO E TIJOLOS EM ALVENARIA CONVENCIONAL NO ESTUDO DE CASO –
2011.
FONTE: MARTINS, 2011.
No sistema construtivo em alvenaria convencional, observamos que o item que representa o maior custo são o das formas totalizando 34% do montante seguido pelo concreto 23%, aço 22%, e os tijolos com 21%, entretanto, não foi observada a capacidade de reutilização das formas em demais habitações, pois varia de acordo com o tratamento tido na execução. O Gráfico 3, representa o clímax do estudo, nele está o comparativo de custos dos sistemas abordados, que serão utilizados como base da conclusão deste artgo.
GRÁFICO 03 – COMPARATIVO DE CUSTOS ENTRE ALVENARIA ESTRUTURAL E
ALVENARIA CONVENCIONAL EM R$
ALVENARIA CONVENCIONAL EM R$
FONTE: MARTINS, 2011.
O gráfico mostra que o valor das formas em representa a mais que o dobro no sistema construtivo convencional (R$ 5691,81) em relação ao sistema construtivo em alvenaria estrutural (R$ 2600,51), suponha que o reaproveitamento dessas formas equivalha a duas vidas (seria utilizada em dois módulos) o custo das formas cairia pela metade (R$ 2845,90), ainda assim elas teriam um custo acima do que temos na alvenaria estrutural.
Na análise do custo com o concreto na alvenaria convencional em relação ao conjunto (concreto+graute) utilizado na alvenaria estrutural, temos que na alvenaria estrutural temos um custo de R$ 2.740,48 e na alvenaria convencional um custo de R$ 3740,74, novamente um custo menor da alvenaria estrutural; observa-se isso também no aço, com custo de R$ 3491,07 para a alvenaria convencional maior que R$ 2137,49 da alvenaria estrutural; tão somente os blocos apresentam uma reviravolta no quadro, mas ainda assim o valor é ínfimo quando comparado com as outras cotas de variação,sendo que representa a R$ 3644,33 para a alvenaria convencional, e 3942,88 para a alvenaria estrutural.
Na análise do custo com o concreto na alvenaria convencional em relação ao conjunto (concreto+graute) utilizado na alvenaria estrutural, temos que na alvenaria estrutural temos um custo de R$ 2.740,48 e na alvenaria convencional um custo de R$ 3740,74, novamente um custo menor da alvenaria estrutural; observa-se isso também no aço, com custo de R$ 3491,07 para a alvenaria convencional maior que R$ 2137,49 da alvenaria estrutural; tão somente os blocos apresentam uma reviravolta no quadro, mas ainda assim o valor é ínfimo quando comparado com as outras cotas de variação,sendo que representa a R$ 3644,33 para a alvenaria convencional, e 3942,88 para a alvenaria estrutural.
Com a utilização das Tabelas 1 e 2, foi gerado o Gráfico 4 abaixo, dos custos totais do módulo de sobrados geminados do estudo de caso.
GRÁFICO 4 – COMPARAÇÃO DO CUSTO TOTAL – ALVENARIA CONVENCIONAL X
ALVENARIA ESTRUTURAL EM R$
ALVENARIA ESTRUTURAL EM R$
FONTE: MARTINS, 2011.
Nessa comparação observa-se que o custo do sistema construtivo convencional chega a 31 % a mais do que em relação ao de alvenaria estrutural, porém como ressaltado anteriormente a utilização das formas se dá em mais de uma vida, sendo assim supondo a utilização em duas vidas o custo das formas cairia pela metade e ficaria, conforme o Gráfico 6, abaixo:
GRÁFICO 5 – COMPARAÇÃO DO CUSTO TOTAL – ALVENARIA CONVENCIONAL X
ALVENARIA ESTRUTURAL – FORMAS C/ 2 VIDAS EM R$.
ALVENARIA ESTRUTURAL – FORMAS C/ 2 VIDAS EM R$.
FONTE: MARTINS, 2011.
Com a reutilização das formas em duas vidas (2x), obtém-se uma diminuição no custo da obra em alvenaria convencional de R$ 16567,95 para R$ 13721,30, e também uma diminuição de 31% a mais que tinha antes em relação a alvenaria estrutural, para 16 %. Isso demonstra como é importante o processo de reutilização das formas, mostrando-se de vital importância como demonstrado nesse estudo.
3. CONCLUSÃO O presente trabalho comprovou a redução de custos no emprego da alvenaria estrutural como sistema construtivo em habitações populares com dois pavimentos, conforme demonstrado nos resultados e discussão. Essa redução chegou a 16% quando há o reaproveitamento das formas na obra de alvenaria convencional, e a 30% quando isso não ocorre; conotando a importância da reutilização das formas. Demonstra também que a alvenaria estrutural tem um potencial palpável quando comparada com a convencional, pois em todas as comparações com exceção a dos blocos apresentou um
custo menor.
Os resultados obtidos estão de acordo com outros estudos semelhantes desenvolvidos acerca do tema, como o da BRICKA (2011), que teve resultado de 30% e o trabalho OLIVEIRA (2009), que obteve o resultado de 20%, ressaltando também que esses resultados podem ser até mesmo maiores, devido ao fato, de que não foram computados os desperdícios que são muito maiores nas obras em alvenaria convencional.
A utilização da alvenaria estrutural como sistema construtivo diminui o desperdício de madeira, reduzindo o custo da obra e reduzindo o desmatamento.
Outro parâmetro importante é o de rapidez na execução do sistema em alvenaria estrutural, onde sua modulação facilita os trabalhos, por não precisar ser feitos “rasgos” nas paredes para o embutimento de tubulações elétricas e hidráulicas, assim como os revestimentos que podem ser feitos de maneira direta com gesso nas áreas internas.
Além da redução do custo total da obra, é importante destacar a redução da mão-de-obra, com a drástica redução das equipes de carpinteiros e armadores.
Além da redução do custo total da obra, é importante destacar a redução da mão-de-obra, com a drástica redução das equipes de carpinteiros e armadores.
Por fim, a contribuição pretendida supõe-se alcançada, dentro da sistemática adotada e de acordo com o estudo de caso realizado, pode-se concluir que é viável financeiramente a utilização do sistema construtivo em alvenaria estrutural com blocos em habitações populares no estado do Paraná.
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